29 de julho de 2009

NÃO SE ENXERGAM

Já por diversas vezes e nos mais variados contextos deixei aqui a minha leitura sobre as eleições autárquicas em Silves e sobre as principais personagens que fazem parte das mesmas: agora, que todos os partidos de maior expressão eleitoral já realizaram os “repastos” de apresentação de candidaturas dos seus “capos” e em alguns casos dos seus “consiglieres”, está na hora de fazer mais um balanço e uma apreciação, aos últimos acontecimentos.

Começaria pelo partido que me parece não ter ganho nada ao juntar uma “Rosa” a um dos seus símbolos de Abril.
Os 268 apoiantes e militantes que estiveram presentes no restaurante Ponte Romana, embora não traduzam a sua expressão eleitoral, pode no entanto interpretar-se como um sintoma de que a luta pela conquista de um vereador na Câmara, com o Bloco de Esquerda, vai ser muito difícil e que a escolha da CDU não terá sido a mais acertada.
Não se enxergam os dirigentes deste partido que me dizem que vão conquistar dois lugares na vereação?

O Bloco de Esquerda anda todo animado e “parece” que ganhou outra dinâmica após os resultados alcançados nas eleições europeias.
O Eng.º. Carlos Cabrita tem-se desdobrado em reuniões e contactos por todo o concelho, porém, as pessoas embora simpatizem e se revejam particularmente no discurso do BE e em especial no seu líder Francisco Louçã, continuam ainda a olhar este partido, digamos que de soslaio; e, ainda que apreciem que o BE denuncie e diga algumas verdades, quando convidadas a participar, como que com medo e, porque não se enxergam, começam todas a olhar para o lado, mesmo que lhes saiba bem poderem mais tarde beneficiar de algo que os bloquistas conseguiram com as suas lutas.
À cautela e não estando muito longe o objectivo do BE silvense, de alcançar um lugar na vereação, Carlos Cabrita não parece ter ficado deslumbrado com os resultados das europeias e por isso mesmo as surpresas de candidatos que vai apresentar em algumas freguesias poderão elas sim, contribuir para que o objectivo seja atingido.


328 foi o número de pessoas pagantes que foram registadas no “repasto” de apresentação de Lisete Romão na Fábrica do Inglês.

Assim se reconhece a força deste PS.

Apesar de tudo, fiz um memorável esforço e li as palavras que a senhora disse naquela noite; mas confesso que não consegui ouvir até ao fim no YouTube, os cerca de 9 minutos do seu discurso.
Ao dizer isto não se pense que tenho má vontade ou algo contra a senhora; nem posso dizer que me é indiferente até porque, de quando em vez, debruço-me sobre a sua actividade política. E é precisamente porque tenho acompanhado o seu percurso, a sua intervenção, enfim, a sua maneira de estar na política, que me questiono sobre as razões que fazem correr a Dra. Lisete, porque salta à vista que estamos perante uma candidata que jamais conseguirá que as pessoas, ao olharem para ela, consigam ler escrito na sua testa “vou ganhar”. Apesar de tudo a senhora persiste o que a não haverem quaisquer “motivos ocultos”, como defendem alguns, só leva a pensar que a Dra. também não se enxerga.

Entretanto correm rumores que houve um desentendimento entre a senhora candidata e o Eng.º. Fernando Sequeira (que tudo apontava seria o número dois da sua lista), reeditando-se mais um ano o duo maravilha, Dra. Lisete - Fernando Serpa.
Diz-se que a Dra. Lisete “correu” com o Eng.º. porque, numa reunião, o mesmo lhe terá dito que, uma vez que iam perder, o melhor seria ele resguardar-se para daqui a quatro anos, onde teriam grandes hipóteses sendo ele o candidato. Também se diz que esse desabafo de Fernando Sequeira até deu um grande jeito a Lisete Romão pois há muito que andava a sofrer grande pressão de Fernando Serpa para o receber na lista pois, como isto está mau de clientela, como vereador, ainda que da oposição, sempre vai arranjando uns clientes que têm a ilusão de que, pelo facto dele fazer parte do executivo, lhes resolve os problemas. A experiência diz-me que esta segunda versão é a mais credível.
Com tudo isto estamos a ver que Lisete Romão vai ter como companhia na oposição Carlos Cabrita em vez de Fernando Serpa.


957 diz-se que foi o número de presenças contadas no “repasto” de apresentação de Isabel Soares na SUA Fábrica do Inglês.

Como o Povo diz, mamemos enquanto dura, vote-se no PIS.

O número de presenças foi notável e dividiu-se da seguinte forma:
1. PIS (Partido de Isabel Soares) = 7; Isabel Soares, Marido, Filho, Mulher do Filho, Mano, Mulher do Mano e Mãe.
2. PSD = 20; Guilherme Silva (representante de João Jardim), Mendes Bota (por obrigação do lugar que ocupa na Distrital), Presidentes de Câmara PSD no Algarve e respectivas mulheres.
3. DEPENDENTES DIRECTOS (funcionários e familiares) =600.
4. DEPENDENTES INDIRECTOS (indiferenciados) =230.
5. ELEITORES DE OUTROS CONCELHOS (que vão a todas) = 100.

Assim como não há surpresas nesta amálgama de presenças também não surpreendeu que tivesse havido, por parte de Isabel Soares, uma grande preocupação em oferecer convites a tudo o que é gente no Concelho, numa brilhante e inovadora forma de combater a crise.
Surpresa foi o discurso da senhora. Óscar Wilde se fosse vivo e se tivesse ouvido Isabel Soares naquela noite jamais teria escrito que “Para se ser popular é preciso ser-se uma mediocridade”. Que eloquência, que brilhantismo, que rigor, que transparência, que verdade!

Li o seu discurso, aliás como sempre, e do que gostei mais foi a passagem -“Sempre pautei a minha actuação pelo rigor e respeito em relação ao dinheiro e aos bens públicos. E friso com a maior veemência!”-; para algo semelhante a isto escreveu Thomas Fuller “Quem não tem vergonha não tem consciência”, ou então como diria Camilo Castelo Branco “Onde morre a vergonha nascem os expedientes desonrosos”.

Mas o mais marcante do discurso de Isabel Soares –“Fizemos mais obras em 12 anos, do que as que foram feitas durante os 23 anos de governação comunista e socialista de Silves!”-. Adiantou depois a senhora que “Obrou” tanto, tanto, que lhe era impossível estar a enumerar tudo aquilo que “obrou”, pois corriam o risco de ainda hoje a estarem ali a ouvir sobre o que tinha “obrado”. Lamentavelmente, esqueceu-se de dizer que daqui a outros tantos 12 anos ou mais o Concelho ainda estará a pagar tudo aquilo que a senhora “obrou” e que o futuro do Município estará hipotecado; mais grave ainda, esqueceu-se de esclarecer como vai pagar aos bancos as dívidas provocadas por aquilo que “obrou”, se a prazos imediatos, curtos, médios ou longos, uma vez que já neste momento não tem dinheiro para mandar rezar um cego; excluindo os outros empréstimos à banca (factorings e acordos de pagamento), como vai pagar à Caixa Geral de Depósitos os 2 milhões de euros anuais durante 5 anos, que é quanto vai custar o empréstimo dos 9 milhões agora contraídos? vai aumentar as taxas que existem e inventar outras ? vai alienar património? vai despedir mais de metade dos funcionários (que até estão a mais e não fazem falta nenhuma)? O que vai fazer?

Também se esqueceu de dizer que vai limpar muito em breve (ainda muito antes das eleições, como era de prever) a dívida a fornecedores e empreiteiros? ou sabia que o seu companheiro Santana Lopes depois iria desmontar toda essa artimanha de transferência de dívidas como o fez na televisão ontem com António Costa?
Lamentavelmente, também se esqueceu de dizer que quando ganhou as eleições em 1997 José Viola lhe deixou uma dívida de 400 mil contos (2 milhões de euros) e que hoje deve cerca de 30 milhões de euros (15 milhões de contos).
Lamentavelmente ainda se esqueceu de dizer que mais de metade do Concelho vive dependendo directa ou indirectamente da Câmara Municipal e que as receitas do município têm vindo a decair vertiginosamente.

Apesar de tudo o PIS vai continuar por mais quatro anos a governar e a governar-se no Concelho de Silves. Ao contrário das eleições europeias em que o PSD venceu não por mérito de oposição mas por demérito do PS e sua governação, em Silves, vai ganhar o PIS, não por mérito de uma boa gestão, uma boa governação, mas sim por demérito da oposição. Diria até que será mais porque os munícipes do Concelho definitivamente não se enxergam.



Um eleitor

9 de julho de 2009

NEM QUE FOSSE ÓPERA ...BUFA!..

A candidata deste Partido Socialista em Silves, Lisete Romão, no seu discurso de apresentação de candidatura disse: -“somos um dos municípios mais pobres e culturalmente mais atrasados do Algarve, porque, ao longo de 12 anos, Isabel Soares não foi capaz de fazer um diagnóstico real das necessidades das populações”.

Que me desculpe a senhora candidata mas, ou não tem estado por estas paragens, ou então não tem dado a atenção devida aos milhares de eventos “altamente culturais” que a Câmara Municipal tem organizado, como por exemplo, a brilhante passagem de modelos na Praça Al-Mutamid no verão de 2007, que dizem ter custado uma fortuna e cujos participantes ainda estão a arder pelo não recebimento dos honorários

Por outro lado também não é justo a senhora candidata não reconhecer o enorme esforço da Divisão Cultural da edilidade, em especial desde a entrada da “expert culturium” Rosário Boal Pontes (que com grande sacrifício, assumiu aquele lugar, por três meses, por impedimento temporário e forçado da chefe na altura, a pedido da sua amiga de escola Isabel Soares).

Como saliento no primeiro parágrafo, a senhora diz que Isabel Soares não foi capaz de fazer um diagnóstico real das necessidades das populações.
Com franqueza senhora candidata; que falta de visão, que demagogia primária. Então quer melhor, mais responsável e mais rigoroso diagnóstico das necessidades das populações, especialmente em tempo de crise e de ruína financeira, quando Isabel Soares, qual golpe de génio, saca da cartola uma medida anti-crise ( não faz parte do seu Programa Integrado de Combate à Crise no Concelho de Silves, mas não interessa), só superada pelo seu colega de partido Rui Rio, na noite de São João no Porto em que gastou este mundo e o outro em fogo de artifício?
Não me diga também que não sabe que a sua Presidente da Câmara vai gastar 140 mil euros por uma sessão de Ópera no Castelo?

Não cara senhora candidata, não é Ópera-Bufa, é Ópera-Séria. Quem vai continuar a Bufar são os fornecedores e empreiteiros do Concelho, pois os milhões que a Câmara lhes deve, este endividamento vergonhoso, que incomoda tanto a líder Manuela Ferreira Leite e o Presidente da República, a Isabel Soares não lhe tira o sono.
Um eleitor